Obesidade na infância

Em uma pesquisa realizada recentemente nos Estados Unidos, sobre o que realmente preocupa os pais e cuidadores em relação às crianças, o primeiro lugar ficou com a obesidade infantil (33%), seguida do abuso de drogas (32%), tabagismo (25%), gravidez na adolescência e bullying (24%), segurança na internet (23%), abuso de álcool e acidentes de trânsito (20%).

A alimentação de uma criança é motivo de preocupação para seus cuidadores, especialmente porque é na infância que ocorre a criação dos hábitos alimentares. Existem muitos fatores que levam à obesidade infantil como:

* desmame precoce;

* consumo abusivo de alimentos ricos em calorias vazias como guloseimas e doces;

* sedentarismo;

* transtornos psicológicos.

O excesso de peso traz consigo doenças que antes eram preocupação apenas dos adultos, como pressão alta, diabetes, colesterol e triglicerídeos alterados. A temida síndrome metabólica vem assustando a todos. Nos Estados Unidos, tem-se programas próprios de prevenção da fome como o Supplemental Nutrition Assistance Program (SNAP), mas que por enquanto ainda se preocupa com a quantidade de alimentos que é fornecida às pessoas carentes que o utilizam. Com o dinheiro que ganham, gastam normalmente com alimentos hipercalóricos e bebidas gaseificadas. Alimentos não faltam, mas a qualidade ainda não foi trabalhada, gerando mais despesas ao governo americano que se vê obrigado a criar novos programas assistenciais, agora para corrigir a obesidade e super obesidade, acompanhadas de síndrome plurimetabólica especialmente na faixa etária pré escolar. Isto também ocorre no Brasil. Basta olharmos as opções de nossa cesta básica, que não atende nossa necessidade nutricional de vitaminas e minerais, e estimula o consumo de carboidratos simples.

Crianças pequenas podem ser vulneráveis até com desenhos animados que assistem na televisão. Isto pode influenciar diretamente as suas escolhas alimentares. Caso seu personagem favorito apareça num comercial com um doce colorido, que tem pobre valor nutricional, é aquilo que a criança pede a seus pais. Mas, o contrário pode ser verdadeiro: se o consumo de frutas e verduras for estimulado de forma alegre e descontraída, pode gerar curiosidade e despertar o desejo de experimentar tais alimentos mais nutritivos e que realmente vão contribuir com a sua saúde.

Quando a criança demonstra resistência em experimentar determinados alimentos, pode-se tentar mostrar cores e sabores diferentes um de cada vez, mudar o prato, o tamanho dos talheres e a arrumação da mesa. Os pais devem servir seus filhos para evitar os abusos de alimentos ricos em calorias. Montar um prato colorido é a premissa para a boa qualidade alimentar. As frutas e verduras amarelas e vermelhas oferecem vitamina A que é excelente para a pele, olhos e unhas. Os verde escuros são ricos em folato, evitam as anemias. Os carboidratos podem ser escolhidos na forma de cereais integrais como arroz integral, aveia, chia, amaranto, farelo de trigo e gérme de trigo. As proteínas ricas em ferro são as carnes que devem ser escolhidas na forma assada, cozida e grelhada. Os peixes, especialmente o salmão, é bastante rico em ômega 3 e ômega 6, tão importantes para as funções cerebrais. As proteínas ricas em cálcio são os leites e seus derivados, que são melhores quando consumidos pobres em gorduras.  Para um tempero da salada e cozimento pode-se usar azeite de oliva e óleo de canola em pequenas quantidades, devido ao seu alto valor calórico.

Quando pensamos em obesidade infantil, não podemos nos remeter imediatamente a uma restrição calórica. A orientação nutricional para uma criança fora de seu peso ideal deve ser pautada na qualidade alimentar, muito mais do que na sua quantidade. Modificando a qualidade dos alimentos do seu prato, naturalmente se reduz a ingestão de calorias. Os pequenos devem ser estimulados à prática de atividade física frequente, dentro do que gostem de fazer, para que tenham atividades ao ar livre, que possam se expor ao sol em horário adequado. Assim, poderão crescer e se desenvolver com saúde.

Somente falar para a criança o que é saudável ou não, não basta. O exemplo pode ser uma boa orientação. Se o adulto consumir diariamente alimentos saudáveis e variados é natural que a criança perceba que aquilo faz parte da rotina familiar.

As crianças tendem a aderir aos hábitos dos adultos, até porque são eles que trazem os alimentos para casa, preparam e servem aos pequenos. Todo hábito é iniciado no supermercado, de onde trazemos alimentos bons ou não para serem consumidos.

Os esclarecimentos sobre alimentação saudável devem existir na escola, onde tudo pode ser transmitido de forma lúdica e fácil para todos compreenderem. Quando as crianças são informadas no ambiente escolar, acabam cobrando dos pais uma postura diferente. Este processo de conscientização deve ser lento e gradativo para que as crianças “abracem” uma maneira saudável de se alimentar e viver a vida.