Como a obesidade tornou-se uma preocupação mundial, muitos tratamentos diariamente invadem os sites, as revistas para demonstrar algumas soluções que parecem definitivas, mas que devem ser observadas com cautela.
O milagre da magreza para sempre, deve ser abandonado, se o objetivo do emagrecido não estiver direcionado para mudanças verdadeiras no seu hábito alimentar e no alerta de manter seu corpo em movimento.
A cirurgia bariátrica ou cirurgia da obesidade, trouxe uma expectativa nova e bastante vibrante no rol de procedimentos curativos para o excesso de peso. O que deve ser analisado é que somente o procedimento cirúrgico NÃO é o suficiente para eliminar o peso e manter seu corpo magro para sempre. A cirurgia proporciona nuances no padrão alimentar que, se o paciente estiver desatento, poderá sim, parar de perder peso ou até recuperar o peso perdido.
O que se espera da cirurgia é que proporcione a perda de 40% do peso original em um ano e que se recupere de 5 a 10% deste total. O sucesso para que isso realmente aconteça reside na necessidade de manter o acompanhamento com a equipe de profissionais responsáveis por esta transformação.
A atitude diante da comida deve ser aprimorada. A cirurgia proporciona uma dificuldade maior para a ingestão de determinados alimentos hipercalóricos, especialmente açúcares e gorduras. E isto é proposital para que se modifique a qualidade alimentar, mesmo que seja frente a ter sintomas desagradáveis como náuseas, vômitos, diarréia, sudorese, taquicardia e sensação de desmaio, o que se chama síndrome de “dumping”. Tal fenômeno pode ocorrer porque, sem enzimas suficientes para digerir estes nutrientes, ocorre um esvaziamento gástrico rápido. Com alguns destes sintomas muitos operados já deixariam de consumir doces, bolos, chocolates, frituras em geral, bebidas alcoólicas, mas outros pacientes aprendem a burlar e estabelecer um mecanismo de tolerância a essas preferências alimentares.
Preocupante mesmo é a mudança de compulsões após a cirurgia. Muitos homens, que se veêm limitados no volume alimentar, passam a utilizar a bebida alcoólica como meio de conviver em sociedade. E o alcoolismo pode ser uma doença derivada, que se não identificada e tratada, pode comprometer definitivamente a perda de peso, a vida pessoal e profissional do operado.
Mais que em um corpo magro, precisamos pensar na mente, no que se passa no cérebro do operado e como ele reage frente as suas dificuldades diárias, inerentes a todo ser humano. Uma vez que isso seja captado deverá haver uma relação estreita entre o profissional e o paciente, para que sejam pactuadas determinadas condutas para manter o corpo saudável no seu peso ideal.
Quem busca o tratamento cirúrgico, deve estar consciente da necessidade de usar suplementos de vitaminas e minerais, que são de fácil consumo e com excelentes resultados na prevenção de possíveis deficiências nutricionais. O uso deve ser controlado e baseado em resultados de exames clínico e laboratorial. Jamais deve-se ingerir suplementos nutricionais sem a recomendação pertinente. Sinais como queda de cabelo (alopécia), unhas fracas e quebradiças, descamação da pele, diminuição da acuidade visual (visual turva especialmente à noite), fraqueza, falta de ar, palidez, tudo deve ser minuciosamente analisado para se chegar na prescrição do suplemento adequado. O conjunto alimentos saudáveis mais suplementos trarão o resultado esperado.
O emagrecimento rápido e progressivo pode causar desnutrição protéica. Os suplementos em pó são indicados para suprir a necessidade diária de proteínas. Carnes, frango, peixe, ovos, leite e seus derivados são fontes de proteínas. Alguns pacientes podem ter dificuldade para ingerir carnes em quantidades suficientes para garantir a tonicidade muscular, a cicatrização e, por isso, precisam suplementar este nutriente. Outros operados também podem ter intolerância à lactose, já previamente à cirurgia, dificultando com isso a ingestão de cálcio, tão importante para o fortalecimento ósseo, para a secreção de hormônios e neurotransmissores. Os suplementos protéicos em pó são indicados para os pacientes operados para facilitar a digestibilidade e garantir a ingestão protéica suficiente.
O que se espera da cirurgia é que o operado melhore a qualidade de vida, sua condição de trabalho e, principalmente, a correção de possíveis doenças associadas como diabetes melitus, dislipidemia (colesterol e triglicerídeos alterados) e hipertensão arterial sistêmica (pressão alta). Para tantos benefícios, é essencial a contrapartida do paciente quando segue a orientação da equipe multiprofissional e busca melhorar-se acima de tudo. Esse é um longo caminho que deve ser percorrido de mãos dadas com o apoio da sua família e da equipe que o atende. Afinal, milagres não existem, mas podemos transpor as dificuldades quando temos apoio incondicional e vontade de vencer!!!