A busca incessante pelo peso ideal tornou-se uma meta bastante comum entre muitas pessoas que de alguma forma nos últimos anos deixaram de fazer uma atividade física freqüente e aumentaram consideravelmente a ingestão calórica diária.
Uma combinação adequada para a perda de peso seria a redução da ingestão calórica combinada com o aumento da atividade física . É definida como de sucesso a perda de peso de 5% do total com manutenção por um ano. Porém, as inúmeras opções de dietas drásticas sem acompanhamento clínico, têm-se tornado um modismo entre as pessoas com sobrepeso e isto pode dificultar consideravelmente os bons resultados.
Pessoas que mantêm uma dieta de muito baixa caloria e proteínas podem, além da perda de peso normal, perderem massa magra e tecido aquoso. Dietas com menos de 800 Kcal/d têm sido associadas com perda da massa magra.
As dietas com restrição extrema de calorias deveriam ser limitadas para pessoas com o mínimo de 30% acima do peso, que tiveram um exame médico e eletrocardiograma com resultados satisfatórios e são livres de contra-indicação, incluindo um recente infarto agudo do miocárdio, desordem da conduta cardíaca, história cerebrovascular, renal, hepática, câncer, diabetes melitus tipo I ou significantes distúrbios psiquiátricos.
As complicações descritas aumentam com:
- uso indiscriminado de medicamentos sem supervisão médica;
- consumo de dietas por pessoas que não tem severo sobrepeso;
- prescrição de dietas por profissionais não treinados para isso.
As complicações significantes associadas com dietas inapropriadas incluem
desidratação, desequilíbrio hidroelétrolítico, hipotensão ortostática e aumento da concentração do ácido úrico. Com adequada supervisão, estas complicações – assim como fadiga, cãimbras musculares, cefaléia, distúrbio gastrointestinal e intolerância ao frio – são identificadas e corrigidas. Sem supervisão, no entanto, algumas complicações devem ser exacerbadas pelo inapropriado uso de restrição calórica. As complicações podem incluir arritmias ventriculares severas, além de colecistite e pancreatite.
Já existem algumas dietas de moda bastante conhecidas e discutidas na comunidade científica.
DIETAS ESPECÍFICAS
A) – Hiperlipídicas (55 a 60%), Hipoglicídica (< 100g de CHO/dia)
Não há suporte para justificar que diminui o apetite e melhora o humor.
1. DIETA DO DR. ATKINS (1992):
- Resumo da dieta: inclui 04 estágios:
a) Quinzena de indução da dieta
b) Perda de peso contínua
c) Pré manutenção
d) Manutenção
A indução da dieta limita em 20g de carboidratos (CHO) por dia (01 copo de vegetais cozidos). Ilimitado consumo de carne bovina, peixe, frango, ovos e peru. Esta fase da dieta proibe frutas, pães, grãos, vegetais crus, queijos e manteiga. A restrição de CHO é minimizada nas outras fases até que os indivíduos determinem o nível de CHO que eles podem consumir enquanto mantêm sua perda de peso. Para alguns, este nível poderia ser baixo como 25g/d e para outros poderia ser alto como 90g/d.
- Preocupação:
Não há valor calórico específico, é nutricionalmente inadequada, é deficitária em vitamina E, A, B6, tiamina, folato, cálcio, magnésio, ferro, zinco, potássio e fibras. É uma dieta rica em gordura saturada, colesterol e proteínas animais. A dieta hipoglicídica pode resultar em cetose (indicador de mobilização de gordura) e produzir aumento significativo na concentração de ácido úrico sanguíneo.
2. “ PROTEIN POWER” (1996):
- Resumo da dieta:
Provê 0,75g de proteínas por quilograma de peso ideal, menos de 30g de CHO por dia durante a indução da dieta até chegar em 55g/d. As calorias são baseadas nos requerimentos protéicos.
- Preocupação:
Baixa em proteínas e cálcio.
3. “ CARBOHYDRATE ADDICT’S DIET” (1991):
- Resumo da dieta:
A dieta compõe duas refeições complementares (café da manhã e almoço) e uma dieta “prêmio” (jantar). As refeições complementares contêm 03 a 04 porções de carne, 02 copos de vegetais. A refeição “prêmio” inicia com saladas, 1/3 de proteínas, 1/3 de vegetais com baixa concentração de CHO e 1/3 com alta concentração de CHO, todos consumidos dentro de 01 hora.
- Preocupação:
É deficitária em cálcio, ferro, potássio e fibras e rica em lipídios e colesterol.
4. “SUGAR BUSTERS” (1995):
- Resumo da dieta:
Açúcar refinado e alimentos com alto índice glicêmico (batatas, milho, arroz branco, pães, cenoura e cerveja) são eliminados, resultando em perda de peso.
- Preocupação:
As porções da ingestão de proteínas não são descritas. É deficitária em cálcio, ferro e vitamina E.
B) – Normolipídicas (20a 30%), Normoglicídica (55 a 60%) e Normoprotéica (15 a 20%)
É a preconizada pelos Guias Alimentares (Pirâmide Alimentar, Programa nacional de controle do colesterol – dieta passo 1 e passo 2). Esta é a alimentação equilibrada com consumo adequado de macro e micronutrientes.
C) Hipolipídicas (10 a 19%)
1. “DR. ORNISH” (1993):
- Resumo do programa:
Esta dieta é focada para a prevenção das doenças cardiovasculares, mas também é recomendada para a perda de peso. Este programa incorpora aspectos de nutrição, exercícios, controle do estresse e auto-estima. Exercícios moderados (ex. caminhadas) são recomendados. O controle do estresse inclui 01 hora por dia de alongamento, respiração e meditação, relaxamento progressivo e grupo de suporte. Além disso é recomendado 01 a 02 vezes por semana de terapia.
Dieta: baixo teor de gorduras (10%), com alta ingestão de frutas, vegetais, grãos integrais, feijão e produtos derivados da soja. Incorpora um moderado consumo de ovos e farinha branca. Os suplementos nutricionais recomendados são:
– vitamina C: 02 a 03g/d
– vitamina E: 100 a 400UI
– Folato: 400 a 2000mg
– Mulheres: óleo de linhaça: 02 g/d ou óleo de peixe: 02 g/d
– Homens: óleo de peixe: 02 g/d
– Selênio: 100 a 200mg/d
– Multivitamínicos: sem ferro para os homens e mulheres no período pós menopausa. Mulheres em idade reprodutiva podem se beneficiar com suplementos contendo ferro.
- Preocupação:
A dieta deficitária em vitamina E, cobalamina e zinco. Dificuldade de aderência e palatabilidade.
O balanço calórico é melhor do que a composição de macronutrientes para a determinação da perda de peso. Entretanto não está claro o efeito do macronutriente contido na dieta para a manutenção da perda de peso.
A aderência à dieta e a manutenção da perda de peso está relacionada com aspectos psicológicos (e neuroquímica cerebral) e parâmetros psicológicos (hormônios que envolvem a regulação do peso corporal como a insulina e leptina), atividade física e densidade energética.
A dieta rica em vegetais, frutas, CHO complexos (grãos e legumes), normolipídica e hipocalórica resulta em perda e manutenção de peso. Está associada com boa saciedade e reduz o risco de doenças crônicas. É rápida, conveniente e barata. O mais importante aqui é a continuidade. O ideal para a manutenção de peso é ingerir pequenas quantidades de todos os alimentos como carnes, cereais integrais, frutas, vegetais etc e manter uma atividade física frequente. Assim consegue-se ter um gasto de energia superior ao consumo de calorias, o que favorece sim a perda e manutenção de peso a longo prazo. A saúde agradece.